virão os dias mais curtos. mas agora
escrevo-te
que o sol incha em solstício
e a lua
prolonga-se no céu
aqui nas arribas
onde o vento fustiga dois aloés
e eu parada escuto
os gritos curvos das gaivotas. está frio.
por cima das águas eu vejo caminhar
essas horas esborratadas de anil
lilás
e nomes. pescadores lançam linhas
transparentes rotas entre o céu
e o mar e o silêncio que os habita.
cheira a maresia
cheira a monte à beirinha do sal
cheira a um sol que vem
lenta
lentamente acariciar o meu corpo. maravilham-me
estas horas roubadas
este momento em que dizemos
já é dia meu amor
se tivessemos amor a quem devotar
o dia e as horas do dia
a cor inaugura-se limpa
inchada de importância:
cai um só nome e deixa-se ficar
entre mim e as asas curvas das gaivotas
eu sei
hoje o sol esqueceu-se de si
e brilha equivocado
noutro lugar
assim
és tu
assim
sou eu
e a revolução dos corpos
dá-se em permanência:
verão
virão os dias mais curtos. depois.
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blimunda dixit
20 junho 2006
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